Paroles de J o tempo se habitua
Afonso Zeca
J o tempo
Se habitua
A estar alerta
No h luz
Que no resista
Noite cega
J a rosa
Perde o cheiro
E a cor vermelha
Cai a flor
Da laranjeira
Cova incerta
Gua mole
Gua bendita
Fresca serra
Lava a lngua
Lava a lama
Lava a guerra
J o tempo
Se acostuma
Cova funda
J tem cama
E sepultura
Toda a terra
Nem o voo
Do milhano
Ao vento leste
Nem a rota
Da gaivota
Ao vento norte
Nem toda
A fora do pano
Todo o ano
Quebra a proa
Do mais forte
Nem a morte
J o mundo
Se no lembra
De cantigas
Tanta areia
Suja tanta
Erva daninha
A nenhuma
Porta aberta
Chega a lua
Cai a flor
Da laranjeira
Cova incerta
Nem o voo
Do milhano
Ao vento leste
Nem a rota
Da gaivota
Ao vento norte
Nem toda
A fora do pano
Todo o ano
Quebra a proa
Do mais forte
Nem a morte
Entre as vilas
E as muralhas
Da moirama
Sobre a espiga
E sobre a palha
Que derrama
Sobre as ondas
Sobre a praia
J o tempo
Perde a fala
E perde o riso
Perde o amor
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